Em entrevista ao programa Aldeia Global, na manhã desta segunda-feira, 11, o prefeito eleito de Santo Ângelo, Nivio Braz (PL), compartilhou detalhes sobre sua gestão, que começará oficialmente em 1º de janeiro, ao lado de seu vice-prefeito, Carlos Gonçalves. A pouco menos de dois meses para a posse, Nívio já está em um processo intensivo de transição, trabalhando de perto com a atual administração para garantir que seu governo comece com plena noção das demandas e desafios do município.
A conversa abordou desde o processo de formação do secretariado até as ações imediatas que o futuro governo pretende implementar, destacando temas como saúde, combate à dengue, orçamento e infraestrutura no meio rural.
Nívio Braz expressou gratidão pelo acolhimento recebido pela equipe do atual prefeito, Jacques Barbosa (PDT). Segundo ele, a cooperação tem sido essencial para que o futuro governo conheça o funcionamento das principais secretarias e identifique desafios que devem ser enfrentados já no início de sua administração.
"Quero ressaltar aqui essa diferença de tratamento que nós estamos recebendo do atual governo, que desde logo após a eleição já abriu as portas da prefeitura para nossa equipe e já estamos em uma segunda etapa. Já estamos trabalhando dentro das secretarias e dos setores, isso é meio inédito e eu espero que isso aí seja uma norma daqui para frente, sempre o prefeito que está saindo com a sua equipe passar o serviço para o próximo, para facilitar a vida. Nós com certeza entraremos já no dia 1º de janeiro conhecendo os principais problemas, conhecendo a máquina pública, os nossos secretários alguns já conhecem, outros não, então terão também dois meses praticamente de convivência, quase que diária, com as equipes atuais, então isso é muito bom e quem ganha com isso é Santo Ângelo”, ressalta Braz.
Um dos primeiros secretários anunciados foi o médico Flávio Christensen, que ficará à frente da Secretaria de Saúde. A escolha de Christensen reflete a urgência em lidar com questões de saúde pública. Entre as primeiras ações do futuro governo está um mutirão anti-dengue, previsto para dezembro, antes mesmo de Nivio assumir o mandato oficialmente. O prefeito eleito explica que a ideia surgiu após a análise de dados que indicam um risco de epidemia de dengue nos primeiros meses de 2025. Segundo ele, os dados científicos indicam que estamos na fase dos ovos do mosquito, então essa é a hora do ataque. Christensen, que já conhece a dinâmica da Secretaria de Saúde, lidera essa força-tarefa, que contará com recursos e apoio de diferentes setores da administração.
Outro ponto central da entrevista foi o orçamento municipal, especialmente os recursos destinados às áreas de infraestrutura e desenvolvimento rural, que foram temas recorrentes durante a campanha de Nívio. Ele destaca que, embora haja o desejo de aumentar os investimentos, o orçamento para 2025 já está praticamente definido e há limitações quanto à possibilidade de realizar grandes mudanças.
"A margem de mexer no orçamento é muito pequena, ele é muito engessado, mas mesmo assim, nós estamos vendo com nossos vereadores e também com a equipe do prefeito Jacques, para fazer alguns pequenos ajustes. Então é aquela coisa do cobertor curto, nós temos que entender que é muito difícil fazer essa mudança, mexer no orçamento, até porque é uma equipe técnica que fez ele, e essa visão de tira daqui, bota ali, é muito preocupante, porque a hora que você tenta favorecer mais um setor, certamente o outro vai ficar sabendo. Vamos com calma, vamos ver o que é possível, pequenos ajustes, mas não dá para fazer grande mudança. Vamos ter que fazer um estudo durante o ano para 2026, para tentar colocar realmente o nosso ponto de vista no orçamento”, salienta Nivio.
As estradas do interior de Santo Ângelo são uma preocupação recorrente entre os agricultores e foram foco de críticas ao longo da atual gestão. Em resposta, Nívio Braz enfatiza que o Desenvolvimento Rural será conduzido com uma abordagem estratégica e contínua, destacando a nomeação de Juca Podgorski como futuro secretário da pasta. Ele menciona um estudo elaborado pela URI, que mapeia os pontos críticos das estradas rurais, e afirma que a prioridade será resolver os principais problemas estruturais com os recursos disponíveis.
No entanto, Braz reconheceu que o valor anual do Fundo de Estradas, que neste ano foi de R$ 600 mil e está previsto para R$ 1 milhão em 2025, é insuficiente para as demandas de infraestrutura rural. Para amenizar a situação, ele sugere uma maior contribuição das propriedades que utilizam intensamente as vias para transporte agrícola.
"Infelizmente, o Fundo de Estrada é um grão de areia dentro dessa obra, porque o ano passado foi R$ 600 mil. Isso não constrói uma ponte, e é o fundo, tem previsto para o ano que vem R$ 1 milhão, é um pouquinho mais, mas não faz 5% do que precisa ser feito nas estradas. Então é muito baixo esse valor arrecadado no fundo, nós entendemos que deve ser melhorado também, tem que haver uma contribuição maior, porque as pequenas e médias propriedades já são praticamente isentas do ITF, e as comunidades têm que pagar um pouco mais, porque elas que utilizam mais as estradas com as cargas de produção agrícola. Mas não é com o Fundo de Estrada que nós vamos resolver o problema do interior, é uma ajuda que tem, nós temos que contar com o orçamento do município", enfatiza Nivio.
Outro ponto abordado na entrevista foi o papel que o vice-prefeito Carlos Gonçalves desempenhará na administração. Diferentemente da gestão atual, que terceirizou a função de secretário de Relações Institucionais, Nívio optou por designar Gonçalves para acumular essa pasta. Segundo ele, Gonçalves será responsável por facilitar o diálogo entre a prefeitura e os demais setores da administração, além de dividir algumas atribuições essenciais com o prefeito.
Braz explica que a experiência e a proximidade de Gonçalves com os assuntos administrativos serão fundamentais, especialmente no início do governo. “Ele vai desempenhar essa função, que é uma função essencial para o prefeito, porque além de ser um parachoque, ele divide um pouco as atribuições e nada melhor do que um vice com essa autoridade.”
Nívio reforça que sua gestão não criará novas secretarias, mas sinalizou mudanças estruturais dentro da atual administração. Entre as adaptações previstas, a Secretaria de Habitação será desvinculada da Secretaria de Planejamento e passará a integrar a Secretaria de Desenvolvimento Social. A pasta será liderada pela advogada Rosemeri Rodrigues, atual presidente do Progressistas.
Além disso, a Secretaria de Cultura e Esportes ainda não tem gestor definido. Nívio ressalta que pretende priorizar um nome ligado ao esporte para a secretaria, enquanto o Departamento de Cultura deverá contar com um gestor técnico. Os nomes deverão ser anunciados até o fim desta semana.
Outra indicação importante para o próximo governo que está sendo analisada por Nívio e entidades, é a do vereador eleito Vinícius Makvitz (MDB), para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. “"O Vinícius cai nesse perfil, o que a gente precisa é um cara jovem, um cara que está querendo. Querendo mostrar serviço, tem essas ligações que a gente sabe, e eu tenho dito para ele, converse bastante com as lideranças empresariais, explique a sua posição, que ao final, vamos pegar um feedback com a classe empresarial, e dizer, se o nome dele tiver uma aceitação no mínimo razoável nas lideranças empresariais, ele pode ser o secretário”, comenta.
Redação do Grupo Sepé