Nos últimos dez anos, o Brasil tem registrado um aumento no número de casos diagnosticados de sífilis adquirida. Entre o público de maior incidência, estão homens entre 20 e 29 anos, que contabilizaram mais de 146 mil casos apenas em 2023, representando 37,8% dos casos, de acordo com o Boletim Epidemiológico, divulgado pelo Ministério da Saúde.
Sendo uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST) mais comuns no mundo, a sífilis pode ser adquirida — quando há o contágio direto com a bactéria Treponema pallidum — ou ser congênita, transmitida da gestante infectada para o feto durante o parto. Apesar de tratável com medicamentos, quando não descoberta precocemente e tratada, pode evoluir para casos mais graves, além de gerar novas contaminações.
A doença pode ser confundida com outras infecções e possui quatro estágios que facilitam a identificação. A primária - também chamada de cancro duro - é caracterizada pelo aparecimento de uma úlcera no local, mas de forma indolor; a secundária acontece semanas após ao contágio e a pessoa infectada pode apresentar sintomas como manchas pelo corpo, febre e dor de cabeça; a fase latente é aquela em que a bactéria está no corpo e pode ser detectada por meio de exames, mas a pessoa não apresenta sintomas; e, por último, a sífilis terciária, que pode vir a se desenvolver anos depois e causar complicações graves no cérebro, coração e nos ossos.
REGIÃO
Dados da 12ª Coordenadoria Regional de Saúde mostram o mapa da Sífilis na região. Nos últimos dez anos, 2022 foi o de maior incidência da doença em mulheres: foram 194 notificações. Em 2023 houve uma queda quanto ao número de casos em mulheres: foram 152 notificações. Em 2024 foram 135 e, em 2025 já somam, no primeiro quadrimestre, um total de 50 notificações em mulheres.
Com relação às notificações em homens, neste mesmo período contabilizado foram 139 em 2022, foram 177 em 2023, e 156 em 2024. Já, em 2025, o quadrimestre registrou 70 notificações em homens. Ainda, as notificações não especificadas em 2025 somam 120.
Com relação aos casos de Sífilis Congênita, que são aqueles transmitidos de mãe para o bebê, foram registradas 37 notificações em 2024. Neste mesmo ano foram notificados 132 casos de Sífilis em gestantes.
Dos casos registrados em 2025 na região, São Borja aparece em primeiro lugar, com 53 notificações. Logo depois vem Santo Antônio das Missões, com 34. Em terceiro São Miguel das Missões, com 18.
Diagnóstico precoce evita complicações
A principal forma de contágio é por meio de relações sexuais, mas também é possível pela exposição de cortes na pele à bactéria, pelo contato com agulhas e sangue contaminado, durante a amamentação e pela transmissão vertical, que acontece durante a gravidez ou o parto. Já a prevenção pode ser feita de várias maneiras, principalmente com a utilização de preservativo, mas também evitar o contato com fluídos corporais e a realização de exames regulares.
A identificação e o diagnóstico da infecção ocorrem por meio de exames, entre eles o teste treponêmico (FTA-ABS), o não-treponêmico (VDRL ou RPR) e o teste rápido. O VDRL é o único teste de floculação que pode ser utilizado para a pesquisa de anticorpos no líquor, uma amostra fundamental para a identificação da sífilis congênita ou da neurossífilis - uma complicação que acontece quando a doença afeta o sistema nervoso. Neste caso, o resultado positivo pode significar que a pessoa já entrou em contato com a infecção.
É indicado que os exames sejam feitos regularmente por pessoas com vida sexual ativa, mesmo que não haja sintomas. Gestantes durante o pré-natal também devem realizar durante o primeiro e o terceiro trimestre. Em casos positivos, o tratamento é feito por meio de antibióticos administrados via oral ou intravenosa, dependendo da gravidade e do estágio da infecção. Entre os mais comuns, estão a penicilina benzatina, penicilina cristalina ou ceftriaxona.
(Fonte: FirstLab e 12ª CRS)