Santo Ângelo completa quatro anos sem a tradicional Feira do Livro, um evento que sempre ocupou um lugar especial no calendário educacional e cultural do município. A última edição foi realizada em outubro de 2019 no Centro Histórico e teve como patrono o defensor público Waldemar Menchik Jr. Desde então, a feira não retornou, e a comunidade literária, assim como os estudantes locais, ainda aguardam por sua volta.
Em busca de respostas, a reportagem entrou em contato com o secretário municipal de Educação, Valdemir Roepke, para entender os motivos que levaram ao cancelamento do evento neste e nos últimos anos. Roepke afirmou que "a Feira do Livro é da Cultura, nós somos parceiros", indicando que a responsabilidade principal estaria na Secretaria de Cultura. Ele também confirmou que a realização da feira não acontecerá neste ano.
Por sua vez, o atual secretário de Cultura, Douglas Barbosa, que assumiu a pasta há menos de um mês, afirmou que não havia planejamento para o evento deixado pelos gestores anteriores. Ele destacou que a retomada da Feira do Livro não foi estruturada previamente, o que limita as possibilidades de realização neste findar de ano.
Vale lembrar que, entre os anos de 2020 e 2022, a pandemia da Covid-19 dificultou a realização de eventos públicos em todo o país. A emergência sanitária, declarada em 11 de março de 2020 e encerrada em 22 de abril de 2022, afetou diretamente o calendário de eventos culturais em Santo Ângelo, interrompendo diversas iniciativas.
Entretanto, a Lei Municipal 3.421 de 8 de junho de 2010 determina que a Feira do Livro deve ser organizada pelas Secretarias de Cultura e Educação, e realizada anualmente em outubro. A norma estabelece uma responsabilidade compartilhada entre as pastas, o que sugere uma colaboração mútua para viabilizar o evento.
Além disso, desde 2014, o município conta com o programa Vale-Livro, instituído pela Lei nº 3.919, sancionada em 19 de novembro daquele ano. O programa, voltado aos alunos da Rede Municipal de Ensino Fundamental, tem como objetivo incentivar a leitura entre os estudantes, permitindo que cada aluno receba um vale para a compra de livros.
Conforme a legislação, o município destina até R$ 40 mil anuais para custear o programa, valor que pode ser ajustado conforme a variação da Unidade Financeira Municipal (UFM). A Secretaria Municipal de Educação, através do seu Departamento Pedagógico, é responsável pela distribuição dos vales. A ausência da feira, além de interromper uma tradição da comunidade escolar, afeta diretamente a política pública de incentivo à leitura dos estudantes.
Redação de A Tribuna Regional