O deputado gaúcho Marcel van Hattem (Novo) foi indiciado pela Polícia Federal (PF), na segunda-feira, por críticas, durante discurso na Câmara dos Deputados, ao delegado Fábio Schor, que atua em inquéritos que atingem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como o de tentativa de golpe e o de fraude no cartão de vacinação. Em 14 de agosto, Van Hattem subiu à tribuna da Câmara para acusar Schor de produzir "relatórios fraudulentos" sobre o ex-assessor de Jair Bolsonaro, Filipe Martins. Disse ainda que o delegado tem "agido como bandido" e o chamou de “abusador de autoridade”, segurando uma fotografia dele.
"Não tenho medo de falar e repito: eu quero que as pessoas saibam, sim, quem é este dito policial federal que fez vários relatórios absolutamente fraudulentos contra pessoas inocentes, inclusive contra Felipe Martins", declarou o Van Hattem.
“Falei ontem, já falei hoje e falo agora de novo, mostrando a foto. Se ele não for covarde, ele que venha também atrás de mim”, desafiou o deputado. A PF considerou que as declarações configuram calúnia e difamação, e que seu discurso imputou falsamente crimes ao delegado.
Ele ainda afirmou que não vai cumprir "ordens ilegais" e descreve o relatório da Polícia Federal como "clandestino". Na mesma ocasião, também criticou a Operação Contragolpe, que indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por tramar um golpe que incluia o assassinato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Morais. O processo de indiciamento da PF deve ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve decidir por apresentação ou não de denúncia formal.
A reportagem do Correio do Povo contatou o deputado federal Marcel van Hattem (Novo), que classificou seu indiciamento como um "caso absurdo". "Quem deveria estar se defendendo é a Polícia Federal, das acusações seríssimas que eu diz. No lugar da PF apurar as denúncias que fiz com minha imunidade parlamentar, prefere me indiciar. Isso é coisa de ditadura", criticou o político.
Van Hattem ainda afirmou que a PF "tem sido utilizada por Lula" para fins políticos e que "não existe nenhum lugar do mundo democrático onde um deputado não possa subir à tribuna do Parlamento para fazer críticas".
Filipe Martins foi preso em 8 de fevereiro na operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado no governo Bolsonaro. Em 9 de agosto, foi solto por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A acusação de Hattem ao delegado Fábio Schor em discurso na Câmara dos Deputados, aconteceu na semana seguinte à soltura de Martins.
Filipe Martins também foi uma das 37 pessoas indiciadas na Operação Contragolpe, que revelou um plano golpista que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Atualmente ele se encontra em liberdade provisória. Hattem criticou ainda o pedido de extradição feito pela PF para os blogueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, também alvos de inquéritos do STF.
Fonte: Correio do Povo