Onde buscar atendimento em saúde mental para vítimas das enchentes no RS

As enchentes que inundaram o Rio Grande do Sul destruíram casas e famílias, além de levarem pertences embora. Pensando em ajudar a população a enfrentar este momento, diversos órgãos e iniciativas promovem ações para aplacar angústias e promover cuidados em saúde mental. Confira onde buscar atendimento gratuito e como profissionais podem se voluntariar para essa escuta e acolhimento.

Quando afetadas por desastres como este, as pessoas manifestam uma grande variedade de reações e sentimentos, conforme Míriam Alves, conselheira presidente do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS). Assim, os primeiros cuidados psicológicos são importantes para fazer com que se sintam seguras, próximas umas das outras e esperançosas. O cuidado deve proporcionar um apoio psicossocial, sem ser invasivo, explica:

— A pessoa é que vai dizer aquilo que ela precisa dizer naquele momento. E o psicólogo precisa avaliar necessidades e preocupações dessas pessoas, ajudar, para que elas possam suprir aquilo que é básico naquele momento. Precisa proteger as pessoas vitimadas por um desastre de outros danos adicionais que podem vir em sequência. O que se espera é isso, que a pessoa, a partir desses primeiros cuidados psicológicos, se sinta protegida, acolhida, confortada naquele momento, para, então, conseguir construir as suas estratégias, inclusive de autocuidado, a partir da sua própria comunidade e das suas referências.

Confira locais para buscar atendimento

Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

A Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre está disponibilizando atendimento psicológico e psiquiátrico online gratuito tanto para as vítimas das enchentes quanto para os profissionais de resgate. O atendimento é voltado para adultos, crianças e famílias.

Contato: 51 99113‑5950 - Vera

SOS Saúde Rio Grande do Sul

Um grupo de médicos e psicólogos voluntários de outros Estados oferece ajuda para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul através do preenchimento de um formulário na internet. A intenção é fornecer apoio médico e psicológico online e gratuito para quem foi afetado pela chuva no RS. É possível consultar o registro dos profissionais médicos nos sites do Cremers ou do CFM.

Abrigos e serviços de referência

A população também pode procurar os serviços de referência em saúde mental em cada município, conforme orientação do CRPRS. Na maioria dos abrigos para vítimas das enchentes, também há psicólogos prestando atendimento.

Rede de Apoio Psicossocial

A Rede de Apoio Psicossocial (RAP) está promovendo o acolhimento aos resgatados e a famílias, bem como o apoio durante a identificação de corpos no Instituto Médico-Legal, em Lajeado. Em Canoas, a rede também atua em abrigos e junto à UniLaSalle. A RAP também está auxiliando em ações em Porto Alegre. O trabalho é realizado com a universidade e com parceiros voluntários.

Também é feito o acolhimento a profissionais da linha de frente. A RAP não promove atendimento psicológico, e sim, apoio psicossocial - apoio e acolhimento em situação de emergência e desastres.

Cuidados com crianças

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) alerta que, diante do desastre, muitas crianças estão abaladas, confusas e choram diante da situação caótica. As cenas já difíceis para adultos são ainda mais duras para as crianças, porque muitas não conseguem compreender totalmente a dimensão do que está acontecendo, segundo a SRPS.

O presidente da sociedade, José Paulo Ferreira, fez um apelo aos pais e responsáveis para que dediquem um momento para conversar com seus filhos: explicar de forma clara e tranquila o que está acontecendo, assegurando aos pequenos que estarão ao lado deles durante todo o processo. A ação pode trazer um pouco mais de conforto e segurança às crianças, ajudando-as a lidar com a angústia e a ansiedade, segundo Ferreira.

O médico acrescenta que, mesmo diante das preocupações com a segurança da casa e a busca por pertences, é essencial priorizar o bem-estar emocional das crianças.

Como profissionais podem se voluntariar para ajudar

SES

A Secretaria Estadual da Saúde (SES) está cadastrando profissionais da área para compor um banco de voluntários que poderão ser convidados a auxiliar os municípios afetados. A colaboração de médicos e psicólogos, entre outras categorias, ocorrerá em hospitais, unidades de pronto atendimento e demais serviços de saúde. O cadastro dos profissionais que queiram atuar de forma voluntária deve ser feito pelo site.

CRPRS

O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRPRS) está articulado com a SES para cadastrar psicólogos voluntários para o atendimento psicossocial às vitimas das enchentes no Estado. O CRPRS enfatiza que somente profissionais graduados em Psicologia e regularmente inscritos no conselho estão autorizados ao exercício profissional. A orientação, neste momento, é de que as pessoas não tentem ajudar sem antes buscar orientação nos órgãos responsáveis pela organização dos serviços nos territórios atingidos.

Para atuar como voluntários, psicólogos devem primeiramente preencher o cadastro organizado pela Secretaria Estadual da Saúde, disponível no link. No site do conselho, também é possível o mapeamento de profissionais de Psicologia que estão atuando nos territórios atingidos pelas enchentes e documentos de orientação para atuação em contextos de emergências e desastres.

Considerando o grande número de psicólogos que já estão atuando em abrigos, foram organizadas rodas de orientação em emergências e desastres para esses profissionais. São grupos diários, em diferentes turnos, na modalidade on-line.

Rede de Apoio Psicossocial

É possível se cadastrar neste link para integrar a Rede de Apoio Psicossocial (RAP) como voluntário e atuar em situação de emergência e desastre. Para isso, é necessário ter realizado a capacitação da RAP de primeiros socorros psicológicos. Uma capacitação será oferecida online nesta quarta (8), quinta (9) e sexta-feira (10). Inscrições pelo Instagram.

Para quem fornece acolhimento

PUCRS

A PUCRS e o CRPRS também criaram um curso rápido, em vídeo, com orientações para quem está atuando no resgate e acolhida às pessoas atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul.

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) criou um grupo de trabalho para orientar médicos e a população em geral sobre doenças provenientes de enchentes e sobre atendimentos em saúde mental.

TelePSI

O projeto TelePSI, coordenado pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) está disponibilizando materiais de Primeiros Cuidados Psicológicos e Assistência de Saúde Mental em Crises destinados a pessoas envolvidas no apoio local em situações de emergências e desastres. Os materiais incluem: