O secretário de Saúde de Santo Ângelo, Flávio Christensen, esteve no Aldeia Global nesta segunda-feira, 10, quando conversou com o jornalista Ricardo Bolson e com o locutor Paulo Renato Ziembowiski a respeito das últimas polêmicas envolvendo a UPA de Santo Ângelo, que virou atração para vereadores locais que gostam de impulsionar mídias em redes sociais, gravar vídeos de atendimentos e dos problemas relacionados ao setor de Saúde, enfrentados no dia a dia do exercício da profissão e do atendimento às comunidades.
Na ocasião, Flávio Christensen destacou, entre outros aspectos, que a Saúde local está com seus 15% do orçamento já comprometidos para este ano, e com dificuldade de novos investimentos. “Iniciamos a gestão já sabendo que devemos fechar o ano com um déficit de algo em torno de R$ 9 milhões”, destacou. “Estamos racionando, tentando estabilizar a casa, onde não pode faltar, mais que tudo, é a Saúde. Temos muito custos, mais de 30 mil exames por mês, além de outras necessidades. São prioridades e a gente consegue fazer um mutirão, algo de emendas parlamentares, os próprios vereadores estão pedindo suplementos para seus deputados e o município deve ajustar esses valores. Estamos com uma frota sucateada, ruim de transportar pacientes. É uma realidade que a gente quer mudar, quer trazer algumas especialidades de volta – que foram perdidas nos últimos meses, mas tudo demanda tempo”, destacou. O médico disse que apesar dos desafios o município está fazendo sua parte, contando que vai cumprir o que precisa ser cumprido para que a população não seja penalizada.
Reação precipitada
Flávio Christensen citou como precipitada a reação do vereador Márcio Antunes, de ter ido para a rede social falar a respeito do problema gerado na UPA no último feriadão. Na ocasião, o vereador, que é do mesmo partido do secretário (MDB), gravou vários vídeos do interior da UPA, reclamando do atendimento. Flávio Christensen disse que houve uma demanda maior em função dos demais postos de saúde estarem fechados no feriadão, e tão logo foi acionado pelo vereador foi feito uma escala de mais pessoal. “Estávamos com dois médicos de manhã e dois médicos na parte da tarde, como na rotina, quando aumentou a demanda, começou acumular pessoas, na troca de plantão às 13 horas em função do atraso de um profissional. Mas eu fui logo informado do assunto e logo colocamos mais 4 médicos – demorou um pouco pois estávamos correndo atrás dessas pessoas”, destacou. O médico Flávio Christensen disse que Márcio está na prerrogativa dele de fazer essas visitas e vigiar, mas que quando procurou a direção da UPA foi informado da situação. “O Márcio achou por bem fazer seus vídeos, eu respeito todas as pessoas e a gente tem a ideia de acertar sempre, mas acho que teve muita reação. Me surpreendi um pouco”, disse Flávio, acrescentando que “esperava que tivesse resolvido na hora que conversou com o vereador. “Mas, enfim, são coisas que a gente vai aprendendo e conhecendo”, destacou.
Abaixo de fogo
“Quando se ganha uma eleição a gente trabalha com companheiros”, disse Flávio Christensen, acrescentando que o administrador da UPA, a recepção e o enfermeiro geralmente são pessoas com experiência e, também, de confiança. “São pessoas normais, a gente trabalha com formação, todo mundo que está na UPA sabe que está lá embaixo de fogo. Eles sabem que estão sendo vigiados. Então eu acredito que aquela pessoa que está lá sabe que tem que dar o melhor. A saúde pública é complicada em todo País. E essa história de vereadores irem para a UPA filmar, em São Paulo por exemplo já é proibido. Os funcionários tem que ter tranquilidade para trabalhar. Pois a pessoa acaba sendo exposta e tem que haver um cuidado sobre isso. Se tem alguma coisa errada se conversa e se resolve”, destacou Flávio. Ele também lembrou que seu gabinete é aberto, e que a questão da rede social é bom para dar visibilidade para as pessoas, mas que o resultado é discutível. “Não sei se ajuda. Se eu tenho uma crítica para receber, a comunidade sabe que minha sala é aberta. Me traz a crítica que a gente vai melhorar. Todo mundo que sabe quem eu sou sabe que a gente está trabalhando pelo melhor para a comunidade”, disse.
O Secretário destacou que o vereador precisa ajudar o município. E que já há uma consulta ao Sindicato Médico do RS para saber qual a atitude deve ser tomada em relação aos casos recentes de vereadores que vão até a UPA gravar vídeos e expor funcionários em redes sociais.
Contraponto
Em sua entrevista ao Aldeia Global, Márcio Antunes havia denunciado que teria sido ameaçado pelo coordenador da UPA no dia em que foi gravar vídeos no local para denunciar nas redes.
O médico Flávio Christensen disse que não houve ameaça ao vereador Márcio Antunes. “Até porque a gente também não gosta de ameaça”, disse. E, sobre o pedido dele de aumentar o número de funcionários do local, é observada a necessidade. “A gente sempre precisa de mais pessoas para trabalhar, mas tudo é uma questão de custo. Se tiver condições e necessidades a gente coloca mais gente”, destacou, acrescentando que a Saúde consegue trabalhar com 15% do orçamento. “Mas certamente falta e o prefeito tem essa noção. O que a gente tem que entender é que está diferente os orçamentos deste ano para os outros anos. Eu preciso ter o valor para poder investir”, destacou.
Redação do Grupo Sepe (é vedada a republicação sem citar a fonte)