O papa Francisco permaneceu "estável" nesta terça-feira, 11, um dia depois de os médicos confirmarem que sua vida não corre mais perigo iminente e considerarem sua futura alta do hospital Gemelli, em Roma, após 26 dias internado por problemas respiratórios. Durante esta terça, ele continuou recebendo oxigênio através de tubos no nariz para ajudar na respiração. "A situação continua estável, com uma leve melhora dentro de um quadro que, para os médicos, ainda é complexo", informou o escritório de imprensa do Vaticano, que desta vez não divulgou um boletim médico.
O último boletim, publicado na noite de segunda-feira pela Santa Sé, indicava que o prognóstico deixou de ser "reservado" e que agora a principal dúvida é quando os médicos autorizarão a saída do jesuíta argentino de 88 anos. "Que ele volte logo para Santa Marta (palácio localizado ao lado da Basílica de São Pedro). Gostamos muito dele, e Santa Marta está vazia sem ele", disse à AFP Simonetta Maronge, uma funcionária da residência onde Francisco mora quando está no Vaticano.
Aos pés da estátua de João Paulo II, que fica na entrada da clínica Gemelli, fiéis continuam deixando velas, flores, desenhos e terços para pedir pela pronta recuperação do primeiro papa latino-americano.
O líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos foi internado em 14 de fevereiro com bronquite, que evoluiu para uma pneumonia bilateral, e seu estado de saúde teve altos e baixos. Sua última crise respiratória ocorreu na segunda-feira passada.
No boletim mais recente, os médicos afirmaram que ele precisaria permanecer no hospital "por mais alguns dias". "A pneumonia ainda não acabou (...), embora não haja perigo iminente", explicou então uma fonte do Vaticano, pedindo cautela. Por enquanto, não há previsão de alta. A fonte vaticana negou nesta terça-feira que estejam sendo feitos preparativos na residência Santa Marta para o retorno do pontífice, dando a entender que sua saída do hospital não é imediata. Do hospital, ele tem trabalhado intermitentemente e acompanhado as notícias, incluindo as inundações que atingiram seu país natal, a Argentina. O Papa expressou sua dor pelas vítimas por meio de um telegrama.
Nesta terça-feira, Francisco, que continua recebendo oxigênio de alto fluxo durante o dia através de uma cânula nasal, acompanhou à distância os exercícios espirituais no Vaticano e rezou, além de fazer fisioterapia e exercícios respiratórios, segundo informações oficiais.
Esta é a hospitalização mais longa e mais grave desde que o então cardeal Jorge Bergoglio foi eleito papa em 2013, dando início ao pontificado de Francisco, que completará 12 anos na quinta-feira.
A preocupação aumenta devido a problemas de saúde anteriores que o enfraqueceram nos últimos anos, incluindo cirurgias no cólon e no abdômen, dificuldades para caminhar e sobrepeso.
Além disso, a situação levanta questões sobre sua capacidade de desempenhar suas funções, especialmente porque o direito canônico não prevê disposições em caso de um problema grave que afete sua lucidez.
O pontífice, que recentemente rejeitou a possibilidade de renunciar, como fez seu antecessor Bento XVI, também não apareceu em público, e nenhuma imagem sua foi divulgada. Apenas um áudio com sua voz cansada e respiração ofegante foi publicado na última quinta-feira.
Francisco também não participou da principal missa da Quarta-feira de Cinzas, em 5 de março, que marca o início do período de jejum e penitência da Quaresma. No entanto, sua recuperação pode permitir que ele retorne para as celebrações da Semana Santa e da Páscoa.
— Nosso desejo para ele é o melhor, que possa ter uma vida melhor, pelo menos uma melhora para seguir, nem que seja falando de uma cadeirinha — disse à AFP Claudia Malvisino, uma antiga "vizinha" dele em Buenos Aires.
A mulher de 57 anos admira no papa, nativo do bairro de Flores, em Buenos Aires, "a maneira como ele se conectou com os jovens, como conscientizou sobre o meio ambiente e como busca promover uma mudança, trazendo um pouco mais de humanidade e simplicidade para nossas vidas".
A hospitalização do papa, a quarta em menos de quatro anos, reacendeu o debate sobre sua saúde, especialmente porque a internação ocorre no início do ano jubilar da Igreja Católica, o que significa uma longa lista de eventos, muitos deles presididos pelo papa.
Antes da internação na sexta-feira, Francisco pareceu debilitado, com o rosto inchado e a voz entrecortada. Ele delegou em várias ocasiões a seus assistentes a leitura de seus discursos.
Desde sua eleição, ele sempre deixou aberta a opção de renunciar caso a saúde o impedisse de continuar desempenhando suas funções, como fez o seu antecessor, Bento XVI, o primeiro papa desde a Idade Média a renunciar, alegando problemas de saúde.
As infecções polimicrobianas são causadas por diferentes bactérias atuando simultaneamente no organismo, podendo ser uma ação combinada com vírus, fungos e parasitas. Ou seja, essa condição não é considerada uma doença isolada, mas sim um fator que pode complicar quadros já existentes. A condição não é rara e acomete mais as pessoas idosas. Quando afeta as vias respiratórias, a infecção pode provocar sintomas como tosse, falta de ar, febre, fadiga e chiado no peito, semelhantes aos da pneumonia e de outras doenças respiratórias.
Fonte: Correio do Povo