SAÚDE
05/04/2025 às 14:24 por Redação


Médicos criam marcapasso menor que um grão de arroz

Médicos criam marcapasso menor que um grão de arroz
Reprodução/ John A. Rogers / Northwestern University / AFP

Cientistas anunciaram, nesta quarta-feira, 2, a criação do menor marcapasso do mundo — menor que um grão de arroz —, que pode ser injetado com uma seringa, controlado pela luz e dissolvido naturalmente no corpo.
O dispositivo inovador ainda levará alguns anos para ser testado em humanos, mas os cientistas o apresentaram como uma "descoberta-chave", que pode abrir caminho para avanços em diversas áreas da medicina.
Atualmente, milhões de pessoas no mundo utilizam marcapassos, que enviam impulsos elétricos ao coração para garantir seu funcionamento normal.Marcapasso menor que arroz: fase de testes
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature, esse microdispositivo foi testado com sucesso em laboratório em camundongos, ratos, porcos, cães e tecidos cardíacos humanos.
O principal autor do estudo, John Rogers, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, afirmou à AFP que os testes experimentais em humanos devem começar dentro de "dois a três anos".
Este marcapasso tem apenas um milímetro de espessura e 3,5 milímetros de comprimento, podendo ser injetado diretamente no tórax com uma seringa. Ele foi projetado para se dissolver no corpo do paciente quando não for mais necessário, eliminando a necessidade de cirurgia para remoção.
O dispositivo funciona sem fios, conectando-se por meio de um adesivo colocado no peito do paciente. Quando detecta batimentos cardíacos irregulares, o adesivo emite automaticamente luz infravermelha, que sinaliza ao aparelho qual ritmo ele deve induzir.
Esse marcapasso minúsculo é alimentado por uma "célula galvânica", que utiliza os fluidos corporais para converter energia química em impulsos elétricos, estimulando o coração.
A equipe de pesquisadores, liderada por cientistas dos Estados Unidos, afirmou que o dispositivo poderia beneficiar cerca de 1% dos bebês que nascem com malformações cardíacas congênitas e precisam de um marcapasso temporário na primeira semana após a cirurgia.
 Os pesquisadores também acreditam que o dispositivo pode ajudar a restaurar o ritmo cardíaco em adultos recém-operados do coração.
Atualmente, os marcapassos temporários exigem uma intervenção cirúrgica para a implantação de eletrodos no músculo cardíaco, cujos cabos permanecem conectados a um aparelho externo no peito do paciente.
Quando o marcapasso deixa de ser necessário, os médicos removem esses cabos, o que pode causar danos. Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, faleceu em 2012 devido a complicações decorrentes desse tipo de cirurgia.
No futuro, essa tecnologia poderá oferecer soluções para "desafios sociais no campo da saúde humana", declarou Rogers.
Bozhi Tian, cujo laboratório na Universidade de Chicago também desenvolveu marcapassos ativados por luz, mas que não participou deste novo estudo, descreveu a pesquisa como um "grande avanço significativo".
"Este novo marcapasso representa uma verdadeira revolução médica", disse à AFP.
"Ele marca uma mudança de paradigma no estímulo cardíaco temporário e na medicina bioeletrônica, abrindo possibilidades que vão além da cardiologia, incluindo a regeneração nervosa, a cicatrização de feridas e os implantes inteligentes integrados", acrescentou.Esse marcapasso inovador "abre uma nova era de cuidados médicos mais suaves, inteligentes e amigáveis para os pacientes", avaliou Tian.Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças cardíacas continuam sendo a principal causa de mortalidade no mundo. 

Fonte: Daniel Lawler / AFP
 


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