GERAL
18/07/2025 às 20:35 por Redação


Trump reforça tarifa de 10% a países do Brics e diz que grupo irá acabar

Trump reforça tarifa de 10% a países do Brics e diz que grupo irá acabar
Foto: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar, nesta sexta-feira (18) os países que integram o Brics com tarifas de 10% e disse que acabará com o grupo "rapidamente" caso avance de "forma significativa".  "Se o Brics se organizar de forma significativa, isso vai acabar muito rapidamente", disse, sem especificar o que se encerraria "rapidamente".

Trump acrescentou que, ao tomar conhecimento do Brics, os "atacou com muita força". Ele também ressaltou que defenderá o dólar. "Não vamos deixar o nosso dólar perder o seu valor. Não podemos deixar que ninguém brinque com a gente, com o nosso dólar. Perder essa luta é como perder uma guerra.

Segundo Trump, o bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia e China, que conta hoje com 11 países membros e oito parceiros, estaria tentando “acabar com a dominância" da moeda dos Estados Unidos. Anteriormente, Trump já havia anunciado que a tarifa de 10% sobre os países do Brics seria em caráter "adicional". Hoje o presidente não especificou a maneira pela qual a taxa seria aplicada.

Trump também debochou da Cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 6 e 7 julho, dizendo que "quase ninguém apareceu", em referencia a ausência do presidente da China, Xi Jinping, e do russo, Vladimir Putin no evento. "Quando ouvi falar desse grupo dos Brics, basicamente seis países, fiquei muito, muito chateado", disse Trump.

Brics estuda abandonar o dólar

No dia 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brics seguirá discutindo mecanismos mais autônomos para impulsionar as relações comerciais. "Nós cansamos de ser subordinados ao Norte. Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa. Nós estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe, com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar", disse o presidente em entrevista exibida pelo Jornal Nacional, da Globo.

Lula apoia publicamente a proposta desde pelo menos 2023, mas o tema vinha sendo tratado com cautela pelo governo brasileiro, diante da sensibilidade geopolítica envolvida. 

A proposta de uma nova moeda no Brics é vista como uma forma de reduzir a dependência do dólar, diminuir custos e fortalecer a integração entre os países-membros. A pauta agrada economias que rivalizam com os Estados Unidos, como a China, além de países sob sanções internacionais, como Rússia e Irã.

No entanto, o avanço da ideia havia sido freado pelo Brasil para evitar tensões com Washington e o risco de reforçar a imagem de que o Brics estaria se posicionando como um bloco antiocidental.

Ameaça já tinha sido feita

No dia 7 de julho, Trump já havia ameaçado impor tarifa adicional de 10% aos países que se "alinharem" com o Brics. Ele chamou políticas do bloco econômico de "antiamericanas" e disse que "não haverá exceções".

"Qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas dos Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política", escreveu o republicano em sua plataforma Truth Social. No dia anterior, o Brics divulgou a “Declaração do Rio de Janeiro”. Parte do documento inclui a defesa do multilateralismo, sem citar os Estados Unidos.

Nesta parte, o bloco defende:

  • Fortalecimento de instituições multilaterais, como a ONU, e o respeito ao direito internacional.
  • Rejeição a ações unilaterais como as que enfraquecem o sistema global. O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não foi especificamente citado.

Outra parte do documento fala sobre a segurança global em itens como:

  • Condenação a ataques recentes contra o Irã, embora sem citar diretamente os Estados Unidos ou Israel.
  • Condena ataques à Rússia, mas não condena ataques à Ucrânia. A Rússia é um dos membros permanentes do Brics, e o presidente Vladimir Putin participou do encontro por videoconferência.
  • Posição conjunta em relação às crises no Oriente Médio, incluindo os conflitos em Gaza e a tensão entre Irã e Israel.
  • Os líderes reafirmaram apoio à solução de dois Estados como caminho para resolver o conflito entre Israel e Palestina. Defendem a criação de um Estado palestino dentro das fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental. O texto pede que a comunidade internacional atue para garantir o fim da violência em Gaza e assegurar a proteção dos civis palestinos.
  • Defesa de soluções pacíficas, diplomáticas e negociadas, com base no direito internacional.

Fonte: GZH


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