O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar, nesta sexta-feira (18) os países que integram o Brics com tarifas de 10% e disse que acabará com o grupo "rapidamente" caso avance de "forma significativa". "Se o Brics se organizar de forma significativa, isso vai acabar muito rapidamente", disse, sem especificar o que se encerraria "rapidamente".
Trump acrescentou que, ao tomar conhecimento do Brics, os "atacou com muita força". Ele também ressaltou que defenderá o dólar. "Não vamos deixar o nosso dólar perder o seu valor. Não podemos deixar que ninguém brinque com a gente, com o nosso dólar. Perder essa luta é como perder uma guerra.
Segundo Trump, o bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia e China, que conta hoje com 11 países membros e oito parceiros, estaria tentando “acabar com a dominância" da moeda dos Estados Unidos. Anteriormente, Trump já havia anunciado que a tarifa de 10% sobre os países do Brics seria em caráter "adicional". Hoje o presidente não especificou a maneira pela qual a taxa seria aplicada.
Trump também debochou da Cúpula do Brics realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 6 e 7 julho, dizendo que "quase ninguém apareceu", em referencia a ausência do presidente da China, Xi Jinping, e do russo, Vladimir Putin no evento. "Quando ouvi falar desse grupo dos Brics, basicamente seis países, fiquei muito, muito chateado", disse Trump.
No dia 10, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brics seguirá discutindo mecanismos mais autônomos para impulsionar as relações comerciais. "Nós cansamos de ser subordinados ao Norte. Queremos ter independência nas nossas políticas, queremos fazer comércio mais livre e as coisas estão acontecendo de forma maravilhosa. Nós estamos discutindo, inclusive, a possibilidade de ter uma moeda própria, ou quem sabe, com as moedas de cada país a gente fazer comércio sem precisar usar o dólar", disse o presidente em entrevista exibida pelo Jornal Nacional, da Globo.
Lula apoia publicamente a proposta desde pelo menos 2023, mas o tema vinha sendo tratado com cautela pelo governo brasileiro, diante da sensibilidade geopolítica envolvida.
A proposta de uma nova moeda no Brics é vista como uma forma de reduzir a dependência do dólar, diminuir custos e fortalecer a integração entre os países-membros. A pauta agrada economias que rivalizam com os Estados Unidos, como a China, além de países sob sanções internacionais, como Rússia e Irã.
No entanto, o avanço da ideia havia sido freado pelo Brasil para evitar tensões com Washington e o risco de reforçar a imagem de que o Brics estaria se posicionando como um bloco antiocidental.
No dia 7 de julho, Trump já havia ameaçado impor tarifa adicional de 10% aos países que se "alinharem" com o Brics. Ele chamou políticas do bloco econômico de "antiamericanas" e disse que "não haverá exceções".
"Qualquer país que se alinhe às políticas antiamericanas dos Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política", escreveu o republicano em sua plataforma Truth Social. No dia anterior, o Brics divulgou a “Declaração do Rio de Janeiro”. Parte do documento inclui a defesa do multilateralismo, sem citar os Estados Unidos.
Nesta parte, o bloco defende:
Outra parte do documento fala sobre a segurança global em itens como:
Fonte: GZH