POLÍTICA
24/03/2024 às 07:12 por Redação


MDB elege Zanchin como presidente no RS, mas expõe feridas de 2022

MDB elege Zanchin como presidente no RS, mas expõe feridas de 2022
Foto: VILMAR ZANCHIN/FACEBOOK/DIVULGAÇÃO/JC

De olho nas eleições municipais de outubro e tentando, sem muito sucesso, superar mágoas do passado, militantes do MDB se reuniram neste sábado (23) para definir o sucessor do prefeito de Rio Grande, Fábio Branco, no comando do partido no Rio Grande do Sul. O vencedor, sem surpresas, foi Vilmar Zanchin, que liderava a única chapa inscrita.

A votação foi realizada na Convenção Estadual do MDB gaúcho na sede da Associação dos Auditores Fiscais da Receita Municipal de Porto Alegre, no Centro Histórico da Capital. Dos 742 delegados aptos a participar, 397 votaram durante o processo. Zanchin recebeu 390 votos, enquanto cinco delegados votaram contra e dois em branco. O novo presidente do MDB gaúcho começou a carreira política em Marau, onde foi vereador, vice-prefeito e prefeito. Atualmente, ele está no terceiro mandato de deputado estadual. No ano passado. Zanchin foi presidente da Assembleia Legislativa.

O novo dirigente do MDB assumiu o cargo com um discurso conciliador, destacando a importância de aumentar a presença nas prefeituras e câmaras de vereadores na próxima eleição, e disse que as demandas apresentadas pelos delegados e militantes, entre elas o papel do MDB nacional no governo Lula, serão tratadas em sua gestão. “Ao mesmo tempo que vamos discutir, externar para o comando nacional o que pensamos em relação ao governo federal e qual o nosso projeto, também temos que fazer o pacto de lealdade e fidelidade ao MDB. Nós não podemos querer um projeto nacional se, aqui na base, não estamos unidos”, argumentou Zanchin.

O deputado pediu para os presentes que, além de garantirem nominatas completas para concorrer aos legislativos municipais, dediquem-se a garantir a permanência dos quadros atuais em um período de janela partidária, que vai até 5 de abril. “Possam ter certeza que aqui é o lugar de estarem e não se deixarão levar por um convencimento de uma noite de verão com palavras que possam eventualmente conduzir um companheiro a algum projeto que não se sustenta ao longo do tempo”. Segundo ele, é o momento de “estarmos juntos com todos os companheiros pra que ninguém troque a história do MDB por alguma aventura que amanhã vai se arrepender”.

Apoio a Leite e ausência da eleição voltam à cena

Embora os discursos de quase todos os presentes, como o do prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo, e do ex-senador Pedro Simon, abordassem a importância da convergência interna - “unidade com rumo”, como definiu o vice-governador, Gabriel Souza -, na prática, a reunião mostrou que as divergências internas exacerbadas em 2022, quando o partido não lançou candidatura própria ao Palácio Piratini ocupando a vaga de vice de Eduardo Leite (PSDB), continuam presentes.

O deputado federal Alceu Moreira, que tinha interesse em concorrer a governador pelo partido no último pleito, afirmou que o partido deveria refletir sobre o protagonismo do partido. Segundo Moreira, a decisão do MDB de ser vice de Leite, abrindo mão da cabeça de chapa pela primeira vez em sua história no Rio Grande do Sul, não foi tomada pelo partido, e sim por “pessoas de fora”. “Nessa eleição, o MDB terá uma grande representação porque a nossa tradição e militância são gigantescas no interior. Mas em outras eleições majoritárias?”, questionou Moreira, dizendo ter medo que o MDB entre em um “processo de dormência”, e que o partido chegue à véspera de uma eleição no “puxadinho de um bloco, se uma pessoa de fora do partido decide se nós vamos ter candidato a governador ou não. Isso pode acontecer”.

“As pessoas, às vezes por ganância, lutam muito pela herança, mas ninguém luta pelo morto. Um partido morto ninguém disputa, isso para nós não serve”, cravou o deputado federal. O deputado estadual licenciado e secretário estadual de Logística e Transportes Juvir Costella manifestou seu descontentamento com a retomada da polêmica. "Pelo amor de Deus, toda vez tem uma conversa, em vez de 'selou a ferida’, viemos aqui e é mais uma cutucadinha, mais uma cutucadinha… Apresente uma chapa e vão para a disputa, parem com essa conversa”, apelou o secretário , em um discurso inflamado, aplaudido pelo auditório.

"Tá encerrada essa conversa de nós sermos governo ou não. Ou, então (o vice Gabriel Souza), renuncia o "vice-governo", vamos sair do governo, peçam demissão quem está no governo e vamos trabalhar. Parem com essa coisa de larará, larará, isso é lorota, conversa fiada. E muitos, inclusive, têm cargos no governo, mas são cara de pau", afirmou Costella.

Fonte: Jornal do Comércio 


Compartilhe essa notícia: