GERAL
17/04/2024 às 09:05 por Francine Boijink


Porto Xavier espera construção de ponte há quase meio século

Porto Xavier espera construção de ponte há quase meio século
Foto: André Ávila / Agencia RBS

Um cidadão de Porto Xavier, município de 9,9 mil habitantes na fronteira com a Argentina, está envolvido há tanto tempo com projetos de infraestrutura na região das Missões, incluindo a ideia da construção de uma ponte internacional sobre o Rio Uruguai, que ganhou o apelido de “Jurássico”.

Ovídio Kaiser, o Jurássico, era prefeito da cidade em 1980, quando foi criada a primeira comissão binacional para tratar da ponte que ligaria a gaúcha Porto Xavier com a argentina San Javier. Até hoje a estrutura não saiu do papel. A empresa Coesa Construções e Montagens S/A assinou contrato para fazer a obra em outubro de 2022, mas não conseguiu executar por problemas financeiros. Um balde de água fria. A inexistência da travessia rodoviária, conectada à BR-392, trava o desenvolvimento das Missões, dificulta importações e exportações e mantém a comunidade refém de uma balsa.

Jurássico não perdeu as esperanças. Ele está confiante de que agora, finalmente, as coisas vão acontecer. O governo federal elegeu a obra como prioridade e está em processo de rescisão do contrato da Coesa, o que demanda o cumprimento de prazos legais. A promessa é de que um novo edital será lançado até o final do primeiro semestre de 2024 pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A intenção é contratar uma empresa e assinar a ordem de início dos serviços ainda neste ano. Antes de começar a construção, será preciso providenciar o licenciamento ambiental e fazer a desapropriação de imóveis — são 34, conforme a prefeitura. As autoridades locais, que estão participando de reuniões periódicas com o Dnit, acreditam que as obras poderão começar em 2025.

— É um sonho represado de quase meio século. Isso causa transtorno e trava o desenvolvimento. A fronteira é muito abandonada. A ponte vai inverter esse processo e o desenvolvimento vai ser a partir daqui para o resto do Estado — projeta Jurássico, atualmente secretário de Desenvolvimento, Turismo e Mercosul de Porto Xavier.

Enquanto a ponte não acontece, se acumulam os relatos sobre como o Rio Uruguai se torna uma barreira. Atualmente, duas balsas, uma brasileira e uma argentina, fazem o traslado de veículos e cargas. A plataforma tem tamanho suficiente para conduzir, de uma só vez, até nove caminhões. 

Após ingressarem no Brasil, eles saem da balsa direto para o recinto alfandegário, junto ao porto da cidade, onde passam por inspeção, dependendo da carga, de servidores do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e da Receita Federal. Esse processo aduaneiro leva, em média, dois dias e os veículos ficam estacionados em um pátio com 120 vagas. Quando o recinto alfandegário está lotado, é represado o ingresso no Brasil de caminhões vindos da Argentina. O fluxo leva motoristas e cargas a terem de aguardar, eventualmente, cerca de 10 dias por uma autorização de entrada em Porto Xavier. 

— Tivemos casos de 15 dias de espera para atravessar. Um custo grande de operação que reflete na mesa do consumidor. A ponte ajudaria muito. É uma luta de muitos anos — diz Leandro Taube, presidente da cooperativa de transporte Cotrariu, cuja frota é de 270 caminhões.

Situações como essa costumam acontecer em picos de movimento. No primeiro semestre, o forte é a importação de cebola, alho e batata da Argentina. Na segunda metade do ano, ganha tração a chegada de milho e soja do Paraguai. Porto Xavier tem mais de 30 empresas de importação que compram de produtores dos países vizinhos. A cebola, por exemplo, é selecionada, ensacada e revendida no Brasil. O milho vira ração suína. Em março de 2024, o terminal portuário do município movimentou mais de 20 mil toneladas de hortaliças e grãos, com predominância das importações.

Reportagem completa em GZH


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